Ufólogos
conseguem a liberação gratuita de gravações históricas que comprovam o
avistamento e a detecção radar de dezenas de OVNIs entre Rio de Janeiro e
São Paulo em maio de 1986
Conversas entre pilotos de caças e controladores de vôo durante noite oficial dos OVNIs foi liberada (Foto montagem)
Foi
com a frase que dá título a este texto que o operador de radar da torre
de controle do aeroporto de São José dos Campos, segundo sargento
Sergio Mota da Silva, atendeu a uma ligação do controle aéreo de
Brasília, por volta das 20 horas. Era uma segunda-feira, 19 de maio de
1986. O dia que entraria para a história da Ufologia mundial como “Noite
Oficial dos OVNIs no Brasil”.
Finalmente, minúcias dessa noite
inusitada foram reveladas, e de forma bombástica. Graças ao empenho do
pesquisador Edison Boaventura Júnior, do Grupo Ufológico do Guarujá, com
a ajuda de Josef Prado, da Brazilian UFO Network (Burn – www.portalburn.com.br),
foram liberados gratuitamente os áudios das conversas de todo o aparato
de defesa aeroespacial brasileiro durante aquele evento. “A liberação,
inicialmente, destas fitas de áudio é um marco na Ufologia Brasileira,
pois trazem depoimentos e o minuto a minuto do que realmente ocorreu
naquela noite”, comemora Edison Boaventura.
Num primeiro momento,
os ufólogos não perceberam o que exatamente tinham em mãos. Mas a partir
do final da primeira fita, o prefixo do avião envolvido deixou claro
que era algo fantástico. As primeiras 8 fitas traziam todas as conversas
entre a torre de controle de São José, os controles aéreos de São Paulo
e Brasília, o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego
(Cindacta) e vários comandantes de aeronaves. Entre estes últimos,
constam os diálogos da torre com o avião Xingu prefixo PT-MBZ, que se
dirigia a São José carregando o então ex-presidente da Embraer e recém
empossado presidente da Petrobras, Coronel Ozires Silva, além dos
diálogos dos pilotos de caças que alçaram vôo na tentativa fazerem a
interceptação do tráfego aéreo desconhecido.
Barganha com o Arquivo Nacional
A
Lei de Acesso à Informação, editada em 2011, já estabelecia que o
material fosse disponibilizado ao público. Mas em se tratando de
conteúdo multimídia, o acesso está longe de ser fácil: é preciso saber o
que procurar, especificamente, ir a Brasília fazer a busca pessoalmente
e pagar — caro — para conseguir cópias: o custo é de R$ 30,00 por
minuto. Com pouco menos de 13 horas de gravação no total, incluindo
as conversas entre controladores e pilotos em várias ocasiões, os
documentos custariam cerca de R$ 23 mil para cada interessado.
Mas
o pesquisador tinha um trunfo. Edison Boaventura estava negociando a
liberação do material com a Ouvidoria do Arquivo Nacional no Rio de
Janeiro desde abril. Antes mesmo da revisão da Lei de Acesso à
Informação, ele tinha em seu poder milhares de páginas de documentos
secretos originais sobre UFOs vazados da Força Aérea Brasileira ao longo
dos anos. E já tinha barganhado esses documentos com a Ouvidoria do
Arquivo Nacional. Quem conta é Josef Prado, que está cuidando do
processo de conversão das gravações para disponibilizar integralmente no
canal do Portal Burn no Youtube. “Em 2009 o Edison fez um acordo com a
Arquivo Nacional: ele dava todos [os documentos originais] pra eles, em
troca eles mandariam [ao pesquisador] tudo que receberam e viessem a
receber sobre OVNIs”, explica.
Recorte do ofício que atesta a permuta entre o Arquivo Nacional e o pesquisador Edison Boaventura (Reprodução)
Sabendo
da existência de muitos registros audiovisuais em poder da FAB,
Boaventura resolveu acionar o acordo pela liberação pública e gratuita. O
comunicado oficial da Coordenação-Regional do Arquivo Nacional do
Distrito Federal (COREG) chegou por e-mail, no dia 22 de outubro de
2015. “Informamos que todos os arquivos digitais dos documentos sonoros
do fundo OVNIS estão disponíveis ao público para consulta no Sistema de
Informações do Arquivo Nacional – SIAN. Assim sendo, o compromisso
assumido pelo Arquivo Nacional com o senhor e demais interessados no
tema está concluído. No que tange aos documentos audiovisuais, daremos
uma nova analisada e voltaremos a entrar em contato”, informava uma das
ouvidoras.
A partir daí Edison e Josef se empenharam em localizar e
baixar cada áudio disponibilizado, num trabalho ainda árduo de consulta
ao sistema SIAN, acessível pelo endereço http://www.an.gov.br/sian/.
São 16 fitas no total, 8 das quais tratando exclusivamente do caso de
19 de maio de 1986. As demais apresentam diálogos em outras ocasiões,
além de pesquisas e entrevistas com testemunhas feitas diretamente pela
Força Aérea Brasileira em diferentes episódios.
Festival dos discos voadores
A
audição do material mostra que a denominação “festival dos discos
voadores”, dada pelo segundo sargento Sergio Mota logo no início dos
fenômenos de maio de 1986, quando do primeiro contato com o controle de
tráfego de Brasília, seria um eufemismo para o que viria a seguir.
No
início, o primeiro alerta soou com o que ele denominou de “um
farolzinho”. Entrou pelo setor Noroeste de São José, aproximando-se por
Guarulhos, cerca de 3 graus acima do horizonte. Aparentemente sobre a
cidade. Era vermelho alaranjado, conforme descreveu o segundo sargento
cerca de uma hora mais tarde, diante da solicitação, por telefone, do
Centro de Operações de Defesa Aérea (CODA).
Nesta primeira
conversa com o sistema de defesa em Brasília, Mota confirma que já
estava acompanhando uma movimentação estranha nos céus desde pouco mais
de 18h30. Um olho no binóculo, outro na tela de radar. Às vezes os
objetos estavam visiveis a olho nú, e não no radar, outras apenas no
radar, e outras vezes eram observáveis das duas formas.
As coisas
começam a ficar verdadeiramente emocionantes quando Mota recebe a
incumbência de guiar o avião o Xingu de Ozires Silva e seu comandante
Alcir Pereira na aproximação a São José dos Campos, a partir do contato
do controle de Brasília. Observando os fenômenos e ciente da detecção, o
Xingu decide por conta própria interromper os procedimentos de pouso e
arremeter em perseguição a um dos objetos. Depois do susto e autorizado
por Brasília, o segundo sargento da torre de São José dá apoio a uma
manobra da aeronave que vira 180 graus. A tentativa dá certo e o avião
de Ozires consegue contato visual, descrevendo a luz como multicolorida,
aparentemente parada sobre a cidade.
Caça F5, lançado de Santa Cruz, um dos modelos que se aproximou dos OVNIs (Divulgação)
A
partir daí, a conversa entre controladores se intensifica. Brasília,
Rio, São Paulo e até Goiás entram na história. A torre de São José faz
uma contagem e 13 objetos estão no céu. Até o fim do evento seriam 21 no
total. “Por exemplo dá para notar a euforia dos controladores de
tráfego aéreo e apreensão dos pilotos”, comenta Edison Boaventura. A
partir das 22h23, caças são lançados para tentar a interceptação dos
objetos: um modelo F5, a partir de Base Aérea de Santa Cruz (Rio de
Janeiro) e pelo menos três caças Mirages, de Anápolis (Goiás).
A
todo instante, as detecções eram intermitentes. O contato visual dos
pilotos de caças, também. Num dos momentos mais dramáticos das
gravações, o piloto de um dos caças é instruído a acelerar para a
velocidade de 0,9 Match (90% da velocidade do som) e chega a 5 milhas de
distância de um dos objetos. O objeto aumenta e diminui a distância
para o avião em segundos. Em determinado momento, o piloto avisa que tem
o objeto “em Judite”, ou seja, travado no sistema de armas. Mas
observa, atônito, o plot de radar acelerar vertiginosamente e em 5
segundos distanciar-se dezenas de milhas de sua aeronave. “Comportamento
muito estranho”, comenta o piloto sobre as mudanças de velocidade.
Mais importante documento da Ufologia mundial
O
material é extenso e vai demandar uma análise minuciosa de todos os
detalhes. O Portal Burn está convertendo os áudios e disponibilizando a
toda a comunidade através do Youtube (https://goo.gl/AKuLg1),
e seguramente os pesquisadores estão fazendo história com esta ação.
Depois de idas e vindas no comportamento da FAB quanto ao ocorrido — o orgão ora desmentiu o contato visual com objetos, ora desmentiu a detecção por sistemas de radares simultaneamente
— em 25 de setembro de 2009 foi divulgado o relatório oficial sobre o
caso (prometido ainda em 1986 pelo então Ministro da Aeronáutica,
Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima). “Como conclusão dos fatos
constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é
de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma
inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos
observadores, como também voar em formação, não forçosamente
tripulados”, dizia o documento.
Sem muito alarde pela imprensa,
esse se transformou num dos principais documentos da ufologia mundial a
apoiar a hipótese de uma origem não terrestre para o fenômeno dos discos
voadores. E agora tem sua importância reforçada, com a liberação dos
áudios oficiais. Quem quiser acesso a todo o material pode fazer a busca
no sistema SIAN (http://www.an.gov.br/sian/) ou, bem mais fácil, assinar o Canal da Burn no Youtube – https://goo.gl/AKuLg1 – e manter-se informado do upload de novos audios.
Fonte de noticias: www.vigilia.com.br