Na esteira do lançamento de novos episódios da série Arquivo X, a agência de inteligência norte-americana apresenta em seu portal casos ufológicos que estudou nos anos 1940 e 1950, com atrativos suficientes para agradar aos fãs de Mulder e Scully.
Há relatos de naves alienígenas nos céus da Terra desde a
antiguidade, mas o interesse por essas ocorrências aumentou muito a partir dos
anos 1940, quando a II Guerra Mundial e a posterior Guerra Fria ajudaram a
criar uma aura ameaçadora em torno de qualquer objeto voador misterioso. Os
eventuais riscos para a segurança interna de investigar esses casos e divulgar
os resultados abertamente levaram as principais potências a criar projetos
militares sigilosos com esse objetivo.
As pesquisas mais robustas nos
Estados Unidos foram feitas pela sua Força Aérea (USAF) por meio de três desses
projetos, o Sign, entre 1947 e 1949, o Grudge, de 1949, e o mais longevo Blue
Book, entre 1951 e 1969. Nesse ano, o relatório produzido pelo físico Edward
Condon para a USAF concluiu que não havia evidências diretas da existência dos
tais objetos. Portanto, a segurança nacional não estava ameaçada e seria
bobagem continuar a investir dinheiro nas investigações. Foi o fim do Projeto
Blue Book, que, pelo menos oficialmente, não teve sucessor.
A USAF foi o mais importante
órgão do governo americano a investigar os chamados objetos voadores não
identificados (mais conhecidos como Óvnis ou, em inglês, Ufos). Mas não foi o
único. Por um conflito interno entre os serviços militares americanos no início
da década de 1950, a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês)
também foi acionada para estudar o assunto, como descreveu o jornalista e
escritor espanhol Enrique de Vicente em artigo publicado em uma edição especial
de PLANETA sobre ufologia em 1980 (veja o quadro acima). A ocorrência de Ufos
foi pesquisada pela CIA até 1969, quando um relatório do físico Edward Condon
desestimulou o interesse do governo americano em estudar o assunto.
Acesso
digital
A CIA abriu em 1978 a consulta a
centenas de documentos sobre casos ufológicos produzidos por seus agentes entre
os anos 1940 e 1950. As dificuldades de acesso naquela época não permitiam o
acesso hoje facilitado pela internet e pela digitalização desses arquivos.
Agora, aproveitando o gancho proporcionado pelo relançamento da série Arquivo
X, é possível conhecer a maior parte desses papéis, e no final de janeiro a
agência divulgou em seu site o artigo “Take a Peek Into Our ‘X-Files‘” (“Dê uma
olhada no nosso ‘Arquivo X’, no endereço 1.usa.gov/1WLkb0B).
O texto procura não tomar partido
sobre a existência ou não dos Ufos: apresenta links de cinco casos que (o mais
crédulo agente) Mulder adoraria investigar e de cinco outros documentos com os
quais (a mais cética agente) Scully se sentiria à vontade. Todos são ótimos
exemplos da investigação ufológica governamental da época.
O primeiro caso da lista de
Mulder, de UFO sobre a Alemanha Oriental em 1952, tem ótimos ingredientes para
prender a atenção. A testemunha, Oskar Linke, era qualificada (ex-prefeito de
Gleimershausen) e deu uma descrição convincente de uma espécie de “enorme
frigideira” pousada e de dois homens vestidos com roupas brilhantes que, quando
perceberam a aproximação do homem e de sua filha, entraram rapidamente na nave.
O objeto decolou devagar e, depois de ganhar altitude, sumiu rapidamente de
vista. Linke fugiu depois com a família para Berlim Ocidental, onde ouviu falar
de Ufos pela primeira vez. Até então, pensava ter visto um novo equipamento
militar soviético.
Já os fãs de Scully lerão com
interesse o arquivo sobre o Painel Científico de Ufos realizado em janeiro de
1953. Segundo o autor do texto do site da CIA, não se podia acusar os
participantes de parcialidade quanto à hipótese de vida alienígena: “Foi
interessante notar que nenhum dos membros do Painel se mostrou relutante em
aceitar que a Terra pode ser visitada por quaisquer seres inteligentes
extraterrestres de algum tipo, algum dia. O que eles não encontraram foi alguma
evidência que relacionasse os objetos avistados a viajantes do espaço”.
Excerto
“Segundo (o major Donald) Keyhoe, a CIA começa a intervir
diretamente no assunto a partir de um acidente ocorrido em abril de 1952,
quando o secretário da Marinha (ministro) Dan Kimball pede explicações sobre os
discos que seguiram seu avião rumo ao Havaí e defronta-se com o hermetismo da
Força Aérea americana (USAF). Sua irritação chega ao máximo quando se inteira
de que todos os informes dos pilotos da Armada e da Marinha passam pela mão da
USAF sem que esta jamais se digne a procurar uma explicação convincente. A
partir de então, Kimball começa a pagar-lhes com a mesma moeda. Quando a USAF
pede-lhe o negativo de um magnífico filme, feito por um piloto da Armada, de um
UFO voando perto de Tremonto, Utah, Kimball envia-lhes apenas uma cópia.”
Enrique de Vicente, “A CIA estará ocultando
a verdade? Discos voadores x serviços secretos”, PLANETA 98-A, dezembro de 1980
Fonte de noticias: www.revistaplaneta.com.br